Terapia do abraço

          Vivemos em tempos de medo! Muito do que empreendemos tem por conta o zelo pela nossa segurança. Os homens querem cercar-se de garantias para estar a salvo: da vida afetiva, profissional e econômica à integridade física.

          É tanta cautela, que todos esses procedimentos tomados têm cada vez mais afastado as pessoas e formado um ser humano desequilibrado e frio. São grades que engaiolam crianças, blindagens contra a liberdade, ensinamentos que não transmitimos por medo de perder o cargo, mãos que não selam acordos. Estamos nos condicionando a ter o mínimo de contato com o ser humano.

         Somos seres dotados de afetividade. Afetividade é o que afeta, interfere no íntimo da pessoa. O gênero humano tem por aspiração o ser comunitário. Precisamos viver juntos, necessitamos uns dos outros.

         Sentimentos e afetos são parte do todo do ser humano. São faculdades que proporcionam cor e intensidade a cada momento e circunstância da nossa vida e trazem significado em nosso interior sobre pessoas e acontecimentos. Juntamente com o lado racional, as emoções também são alicerces para tomadas de decisão.
         Daí, a importância de cultivarmos boas emoções, estarmos sadios afetivamente. E isso acontece por meio do relacionamento, das conversas, da procura da concórdia, dos gestos que demonstram carinho e consideração. Contudo, depois daquele agradável encontro ou ao ser gerada uma boa impressão a respeito de alguém, quando entendemos que amamos e somos amados, o que vem a ser o penhor e coroar todo tipo de relacionamento são as diversas formas de contato, como o toque, o aperto de mãos, o abraço, o beijo, o afago, entre outros. Gestos muito importantes na construção de nossa afetividade, que geram homens e mulheres sadios emocionalmente, pois ao sentirmos o amor pelo calor humano conectamos a impressão psicológica e espiritual ao que experimentamos fisicamente.

         Então a partir daí todo gesto de amor que recebemos pode ser sentido pelas três instâncias do ser: Física, Psiquica e Espiritual.
Um exemplo é quando um indivíduo sabe que sua família o ama pelas palavras proferidas ou pelo sustento que lhe garantido, mas se não há o carinho físico, fica faltando uma dimensão.

        O amor manifestado para o todo (três dimensões) do ser humano gera segurança e autoconfiança. Sentir a mão de quem amamos nos passa a sensação concreta de porto seguro. Dá uma percepção palpável do amor que antes intuímos pelo lado racional e na alma.

        Jesus tocava os doentes e abraçava as crianças e, um dia, disse ao fariseu que O convidou para jantar: “Não me deste o ósculo (beijo); mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés” (Lc 7, 45). Em referência àquela pecadora que, em seu gesto, demonstrou um amor no qual o anfitrião não o manifestava (cf. Lc 7, 47). Da mesma forma os apóstolos também tocavam nos enfermos e assim ministravam a cura “quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados” (cf. Mc 16, 17-18).

        Quem sabe hoje não precisemos abraçar alguém que há muito não trazemos para perto do coração e deixemos calar as mágoas passadas num gesto que é imprescindivelmente humano? Talvez até pessoas da nossa família, de dentro de nossa casa que há tempos não sentimos o calor nem o perfume, porque não mais nos aproximamos.

         Diminuamos as distâncias e construamos pontes de amor que nos liguem a outras pessoas. Não tenhamos medo de apertar a mão ou envolver com um abraço aquele(a) que não é ainda parte do nosso círculo de amizades. Este gesto pode salvar uma alma. Há muita gente por aí precisando de um abraço, nos hospitais, prisões, asilos ou talvez no trabalho, na escola, alguém que esteja próximo fisicamente de nós. Vidas gritam por isso!


Um grande abraço a você!

O que realmente vale a pena?

Na vida todos nós temos direito de escolha e cada um traça suas metas e constrói sua história na medida em que vai vivendo seus dias.

Na vida há tempo de sorrir... Para exprimir a felicidade!

Tempo de chorar... Para se mostrar o quanto o humano é frágil.

Tempo de Plantar... Para esperar a melhor forma e tempo certo de frutificar.

Tempo de Colher o fruto... E aproveitar o que de bom a vida me oferece.

Tempo de nos refazer nas quedas do outono...

Tempo de celebrar as primaveras... E vibrar com suas cores.

Tempo de se encorajar... Para seguir adiante.

E tempo de alçar o voo tão sonhado.

Tempo de se despedir... E deixar o coração com quem se ama.

Tempo de voltar e recriar um novo rumo.

Enfim, há tempo de ser quem sou em busca do Eu que roubaram de mim.

         O desejo de ser feliz é uma decisão. Há tempo para tudo na vida, mas é necessário perceber que nem tudo podemos, que somos limitados pela condição humana e que ser feliz é uma busca diária, uma construção, é subir degrau por degrau sem pressa de chegar. É ver o outro e amá-lo na sua condição de ser diferente e respeitar isso. É amar sem esperar que o outro o ame também. É esperar a hora de chegar e de partir. De ver adiante e saber como entrar na vida das pessoas sem machucá-las. É ser quem sou o tempo todo. É sentir algo novo sempre que se ama alguém. É olhar com carinho para os menos favorecidos e ter compaixão de quem, com humildade, precisa do meu apoio. É ir além de quem sou para buscar traçar caminhos que jamais pensei em trilhar, é caminhar... Caminhar para redescobrir o verdadeiro sentido de estar aqui.

João Paulo Gavi